No artigo “Imprensa deve inteligência e argúcia aos leitores” publicado no site Observatório da Imprensa, Washington Araújo faz uma análise sobre o atual papel da imprensa escrita
O papel da internet não poderá ser superestimado nesse cenário de mutação acelerada que varre essas nações, em geral de maioria islâmica e que visam derrubar governos marcados pelo autoritarismo (e voluntarismo), corrupção desmesurada e ineficiência patente. Os jornais impressos largam em completa desvantagem, pois como já era sabido e esperado, o nascedouro dos furos jornalísticos e o impacto da realidade em movimento têm como endereço certo as transmissões por satélite para as emissoras de televisão, as imagens que trafegam por infovias a bordo de câmaras de celulares, de vídeos modestos (mas tão eficientes) feitos por pessoas comuns, simples, do povo mesmo que se propagam no espaço cibernético como aquela praga de gafanhotos imortalizada no clássico de 1956 de Cecil B. DeMile “Os Dez Mandamentos”. E são esses gafanhotos que inundam as redações dos jornais e das revistas transformando experientes jornalistas em improvisados historiadores de roteiros de realidades envelhecidas ao longo de longevas 24 ou 48 horas.
As multidões, embora inconscientes do apoio planetário maciço que recebem segundo a segundo, aos poucos percebem que contam com milhões de militantes entrincheirados em lugares não-geográficos e que têm como bandeiras nomes até um pouco exóticos como twitter, orkut, facebook, YouTube. Os meios de comunicação em estonteante velocidade formam atualmente o mais impressionante ativo militar em atividade no mundo. E sua bandeira, por mais que se tente delas se apropriar governos estáveis e ditos democráticos, não pode ser outra que Justiça, Liberdade, Dignidade. E são exatamente por serem estas as bandeiras que massas da humanidade cavalgam por cima de códigos nacionais, credos religiosos, padrões lingüísticos, formações étnico-raciais e classes sociais.
Falta análise – Após quase três meses de férias autoconcedidas nesse indispensável Observatório da Imprensa resta-me observar que os eventos aqui abordados possam ser replicados com igual intensidade em nossa maneira de registrar a realidade jornalisticamente: há que se abrir amplas clareiras para análises mais profundas, percepções mais aguçadas, entendimento mais abrangente de que o que infelicita a parte infelicita o todo. Onde quero chegar? Ora, sinto vazios oceânicos na cobertura dos meios escritos. Existe apenas repetição do que foi relatado na tevê, no rádio, na internet. É como se o papel da imprensa escrita fosse o de legendar o que nossos olhos vêem, captam, percebem. E certamente não há nada mais ridículo e patético que isto. O papel da imprensa tradicional, a escrita por excelência, é o de nos oferecer alentadas análises, textos bem redigidos que dentre tantos tópicos pendentes de abordagem séria e serena, respondam a questões basilares.
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