O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Luiz Soares, que ao deixar a gestão Wilson Santos foi taxado por alguns como radical e ainda de ter queimado a imagem do então prefeito por não ceder à pressão dos médicos em greve, decidiu quebrar o silêncio. Munido de documentos e números reais, mostra que nas duas vezes que esteve à frente da SMS (a outra foi na gestão Roberto França, entre 2001 e 2004), administrou a saúde com transparência, ampliou a estrutura física do SUS/Cuiabá, pagou dívidas de outras gestões e deixou as finanças da secretaria organizada.
“Com exceção dos secretários Elias Nogueira, Olete Ventura e Eugênia Calejas, que passaram nos últimos anos pela Secretaria de Saúde de Cuiabá, a maioria deixou pendências até hoje sem explicações, além de não terem expandido serviços, construído novas unidades e nem diminuído o endividamento da pasta”, afirma Luiz Soares, que pontua minuciosamente os avanços proporcionados ao SUS enquanto titular da pasta.
Ele lembra que foi o único em toda a história da Secretaria de Saúde de Cuiabá que prestou contas à sociedade da vida financeira da SMS. Os números eram encaminhados mensalmente ao Tribunal de Contas, Ministério Público, associações de bairro e à imprensa para conhecimento de como o dinheiro da secretaria estava sendo aplicado.
E ao deixar o cargo na segunda gestão em 14 de dezembro de 2009, distribuiu o último relatório, onde comprovava, por exemplo, que ao assumir a pasta encontrou “um vácuo” na gestão do médico Araí Fonseca entre a produção ambulatorial e a hospitalar referente a dezembro de 2004. Ou seja, o dinheiro repassado pelo Ministério da Saúde para pagar a produção desse mês havia sido utilizado para outros fins (que ninguém sabe quais) e aí foi preciso viabilizar recursos de outro mês para cobrir o buraco por ele denominado de “o gato comeu”. Soares diz que conseguiu colocar novamente em dia receita e despesa e ainda negociar e pagar parceladamente outros restos a pagar por ele encontrados quando voltou à gestão em janeiro de 2008.
Mesmo administrando dívidas passadas, Luiz Soares ressalta ter conseguido, na segunda gestão, ampliar a rede de serviços com a construção de 10 novas unidades para abrigar equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e uma policlínica no bairro Pedra 90 com recursos do SUS/Cuiabá. Outras 42 unidades da rede básica foram reformadas e ampliadas e ainda foram investidos R$ 8 milhões entre 2008 e 2009 na compra de móveis, utensílios e equipamentos. Soares contabiliza: das 65 equipes do PSF hoje existentes, 40 foram implantadas em suas gestões.
“Nas duas gestões à frente da secretaria conseguimos dobrar o número de unidades básicas existentes até 2000”, diz ele, acrescentando que entre os governos Wilson Santos e Chico Galindo, que já contam seis anos e dois meses, somente foram edificadas novas unidades de saúde em Cuiabá durante o tempo que permaneceu à frente da SMS. Ou seja, Soares foi o gestor que mais expandiu a rede de serviços do SUS na história de Cuiabá.
“Menina dos olhos” de Luiz Soares, ele conta ainda que criou e implantou o Programa Escola com Saúde, que passou a garantir assistência integral às crianças da rede municipal de ensino. Ao invés da criança ser levada à unidade de saúde para prevenir e tratar doenças, equipes multiprofissionais passar a atender os estudantes dentro da própria escola e creches. São 50 mil crianças e adolescentes cobertos pelo programa em Cuiabá.
Soares também foi secretário na gestão Roberto França, do qual era vice-prefeito. Ao assumir a SMS em 2001 pegou uma dívida de aproximadamente R$ 21,4 milhões. “E é importante lembrar que nos anos de 2001, 2002 e 2003 não foi registrado nenhuma dívida. Quando deixamos a pasta no final de 2004 ainda deixamos quase R$ 300 mil no caixa e cerca de R$ 5 milhões a receber em janeiro (referência dez/2004), recurso suficiente para pagar os cerca de R$ 3 milhões de restos a pagar deixados para serem quitados em 2005, já na gestão Wilson Santos”.
Soares lamenta que a Secretaria de Saúde de Cuiabá tenha sido sucateada nos últimos anos por alguns gestores que não se empenharam em tratar com transparência o dinheiro público e, consequentemente, com respeito o usuário do SUS, seus trabalhadores e profissionais da saúde.
“Entreguei a secretaria ao prefeito por não comungar com a supremacia de uma categoria profissional de saúde em prejuízo das demais. A minha expectativa é de que as próximas gestões do SUS/Cuiabá permitam a mesma transparência pública no uso dos recursos do SUS, prestando contas à sociedade, pois o dinheiro é curto, porém dá pra fazer muito e melhorar o que já está feito”, finaliza Luiz Soares.
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