Com o início da colheita da soja em Mato Grosso (MT), que deverá atingir cerca de 19 milhões de toneladas na safra 2010/11, segundo o Imea, os problemas com o escoamento da produção vem à tona por conta das péssimas condições das estradas. Mas quem pensa que as dificuldades estão relacionadas apenas ao transporte do grão, engana-se. A falta de manutenção e pavimentação das vias de escoamento também freia o andamento da pecuária bovina, com 28,7 milhões de cabeças.


Em Aripuanã, animais sofrem dentro de caminhões atolados
(Foto: Top News)



Com a arroba cotada em média a R$ 92,76 na última semana, a região de Barra do Bugres (Médio-norte), que compreende 12 municípios com aptidão para a cana-de-açucar e pecuária com 1,2 milhões de cabeças em 5,2 mil propriedades, os produtores estão com problemas na comercialização. Os bovinos prontos para o abate, situados nos pontos críticos do trecho de aproximadamente 90 km da MT 247, entre Barra e o distrito de Lambari, são destinados às plantas do Navicarne (Barra), Marfrig (Tangará da Serra), do Friboi (Arapuntaga e Quatro Marcos) e da Perdigão (Mirassol D`Oeste), que buscam outras alternativas. “O frigorifico fica responsável de buscar o gado na fazenda, se as estradas dificultam o acesso não há interesse em negociar”, disse o diretor de relações institucionais do Sistema Famato, Rogério Romanini.
De acordo com o gerente de compras de bovinos do Marfrig, Fabion Almeida, o período de chuvas reduziu em torno de 30% o número de abates de bovinos oriundos daquela região. Por falta de acesso às fazendas, o frigorifico, com capacidade para abater 1,8 mil cabeças/dia, tem buscado o gado na região de Comodoro, 270 km a mais no percurso praticado. “Comprávamos de 40% a 50% dos animais dessas áreas, hoje não passa dos 10%. Optamos em percorrer uma distância maior a ter que ficar no caminho”, disse Almeida, salientando que na região de Araputanga, onde os animais apresentam maior qualidade de carcaça, não há como chegar.
Em Mirassol D`Oeste, o responsável pelas compras de bovinos da Perdigão, Charles Jean, informou que as compras da empresa na região, que em média chegava a ser 20% do total de bois adquiridos, também foram prejudicadas. “Não estamos comprando nada daquele local, está impossível transitar”.
Já na região de Juína (Noroeste), onde o frigorifico Tucura trabalha em média com 750 cabeças/dia, a situação é ainda pior, de acordo com o presidente do sindicato rural, Adailton Moreira. Muitas estradas estão intransitáveis devido às fortes chuvas dos últimos dias. Por exemplo, a via que liga Juina a Aripuanã pela Serra Morena ficou fechada durante todo o dia 21 de fevereiro.
“Tive relato de um produtor daqui que vendeu 1.260 cabeças e o frigorífico ainda não foi buscar”.
Moreira lamentou ainda que o leilão de gado organizado pelo sindicato dia 23 de fevereiro teve o número de animais reduzido pela metade. “Esperávamos contar a participação de aproximadamente mil animais, mas a estimativa é de que venham 500”.
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