Miguelina Bondespacho mostra a geladeira: só água, bolo e leite. (Fotos: Sandra Carvalho) |
Sem incentivo, assistência técnica, meios de transporte e espaço para comercialização, a agricultura familiar vive um momento de total decadência em Cuiabá. Com as chuvas, a produção se perde e os produtores são obrigados a abandonar a roça para viver de bicos. Pior: verba federal estaria parada no caixa da Prefeitura por falta de contrapartida do município.“E ainda nos chamam de preguiçosos”, diz mulher do campo.
Produção se perde |
Por todos os cantos a palavra mais repetida é “abandono”. “Estamos sem apoio e sem assistência técnica”, reclama Tomás Aquino de Oliveira, presidente da Associação São Gerônimo. Ele ainda conta que cerca de 900 mil repassados pelo programa federal Fome Zero via Conab à Cuiabá estariam parados na conta do município porque a Prefeitura ainda não entrou com sua contrapartida. “Este dinheiro poderia estar beneficiando mais de 300 trabalhadores rurais”, calcula Tomás.
Teodoro diz que sem assisstência técnica prejuízo é certo |
Na região do assentamento 21 de abril, onde há 13 comunidades rurais, a situação é desoladora. Dona Juvenil Martins de Souza, aos 62 anos, se emociona ao falar do abandono. “Eu penso em desistir, em largar tudo e ir embora”, desabafa, dizendo que produz apenas para seu próprio consumo. “Só não passamos fome aqui porque temos galinhas e ovos”, conta.
Dalva Salomé reclama da miséria |
Seu Teodoro Torquato dos Santos, 68 anos, também cita a necessidade de máquinas para gradear o solo no tempo certo, além de assistência técnica para análise de solo, correção, definição do tipo ideal de semente. “A gente perde um tempão fazendo de um jeito e depois descobre que estava tudo errado”.