O tabagismo ativo e a exposição passiva à fumaça do tabaco estão relacionados ao desenvolvimento de aproximadamente 50 doenças, entre elas os cânceres urológicos e a disfunção erétil. O urologista Newton Tafuri, presidente da seccional da Sociedade Brasileira de Urologia em Mato Grosso (SBU/MT), fala sobre o tema neste Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado todo dia 31 de maio.
Estudo publicado no ano passado pelo International Brazilian Journal of Urology concluiu que a capacidade de ter e manter a ereção é diretamente proporcional ao nível de exposição ao cigarro e que parar de fumar melhora a função sexual. A projeção é de que a cada 100 fumantes, 37 vão desenvolver algum problema no seu relacionamento sexual.
Porém, muitas pessoas desconhecem, mas o tabagismo pode afetar diretamente a saúde sexual masculina, acarretando problemas como a disfunção erétil. De acordo com o urologista, a disfunção acontece porque as substâncias nocivas presentes no cigarro afetam os vasos sanguíneos, aumentando a formação de placas nas artérias que dificultam a circulação do sangue para o pênis, e com o passar dos anos há o entupimento dos vasos da região, impedindo que o sangue chegue com força suficiente aos corpos cavernosos a fim de manter a ereção.
Segundo o diretor da SBU, Dr. Luiz Otávio Torres, além do entupimento desses vasos que são milimétricos, outro mecanismo que parece também pode ser afetado é a via do óxido nítrico, uma substância que é uma via-chave no processo da ereção.
De acordo com o diretor de Comunicação da SBU, Dr. Roni Fernandes, embora o número de pessoas que fuma esteja em queda em relação a outros anos, é preciso combater esse hábito que favorece a diversas doenças. “Para evitar essa grave e mutilante doença a melhor coisa é parar de fumar, sempre vale a pena em qualquer momento da vida”, destaca.
Ele ainda alerta que em tempos de pandemia não fumar é um fator de proteção contra a Covid-19. “O tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Além disso, o ato de fumar cigarro, narguilé e cigarros eletrônicos proporciona constante contato dos dedos com os lábios, aumentando a possibilidade da transmissão do vírus entre seus usuários e para a comunidade”, alerta o urologista.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo afeta os pulmões de forma a aumentar o risco de desenvolvimento da forma grave da Covid-19. De acordo com pesquisa publicada no Chinese Medical Journal, fumantes têm 14% mais chances de desenvolver pneumonia por coronavírus.
Cânceres urológicos e cigarro
O elo entre o cigarro e o surgimento de cânceres urológicos é grande, podendo chegar a 70% de chances de quem fuma ter a doença.
Esse é o caso do câncer de bexiga, cujo risco sobretudo para homens brancos e idosos é entre 50% e 70%, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Tudo isso acontece pela presença dos componentes químicos do cigarro.
O tabagismo também é um fator de risco para o câncer de rim, que, embora no estágio inicial geralmente não apresenta sinais, na evolução da doença tem como principais sintomas a dor na parte lateral da barriga e nas costas; sangue na urina; inchaço abdominal; e perda de peso.
Além dos riscos já conhecidos como os fatores hereditários, de raça (homens negros) e a obesidade, fumar torna os homens mais vulneráveis ao câncer de próstata.
Estudos recentes também mostram uma associação do tabagismo com a incidência e com a mortalidade do câncer de próstata.
Os fumantes não só tiveram uma maior incidência de câncer de próstata, como câncer do tipo fatal. Os fumantes mais inveterados tiveram um risco até 30% maior de morte por câncer de próstata do que os não fumantes.