Mais de 200 pessoas lotaram o auditório do CCBS III da Universidade Federal de Mato Grosso ontem à tarde (29 de março) no I Fórum: SUS – Gestão e OSs. No evento, ficou claro o nível de insatisfação de estudantes e professores dos demais cursos da área de saúde da UFMT com a sinalização do Governo do Estado em abrir parte da gestão da pasta a Organizações Sociais.
Dia 6 de abril, o Conselho Estadual de Saúde vai se reunir para deliberar sobre essa questão. Um dos principais encaminhamentos do Fórum foi articular um protesto para essa data, no sentido de evitar que o Conselho aprove uma decisão privatizante. Outro encaminhamento foi passar entre os presentes um abaixo-assinado a ser encaminhado à reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli Neder, exigindo que o representante da Universidade no Conselho Estadual de Saúde vote democraticamente, ouvindo os anseios da comunidade acadêmica. O I Forum: SUS – gestão e OSs foi uma iniciativa de docentes, com apoio da ADUFMAT S.SIND.
O médico e professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFMT, Júlio Müller, ex-secretário de Estado de Saúde, defendeu que os problemas no Sistema Único de Saúde não decorrem apenas da gestão, mas também da falta de recursos. Ele disse que o recurso para saúde pública é parco e, para piorar, mal gasto. Ele também criticou a falta de clareza do Governo ao defender as OSs, impondo esse modelo, sem argumentar com a sociedade.
O médico Angelo D´Agostini, secretário de Relações do Trabalho no SUS do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSAÚDE-SP), desmistificou o modelo paulista, em que o Estado divide a gestão do Sistema com OSs, considerado modelo. Segundo ele, a “ilha da fantasia” não existe. D´Agostini mostrou notícias publicadas na mídia, para mostrar que a saúde não melhorou; os problemas é que estão mascarados. Segundo ele, os hospitais das OSs são os chamados de portas fechadas, ou seja, não atendem todos que procuram, mas sim somente pacientes encaminhados pela regulação. Já os hospitais de portas abertas, 100% SUS, atendem todo mundo, ainda que doentes sejam colocados nos corredores, deixando evidente a fragilidade do sistema.
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