Crianças e adolescentes podem carregar para o resto de suas vidas as marcas, visíveis ou não, da exploração do trabalho infantil. A live “Covid-19: agora mais do que nunca, protejam crianças e adolescentes do trabalho infantil”, realizada nesta segunda-feira (08), deu início às ações do Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, celebrado em 12 de junho.

Organizada pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania – SETASC – a live reuniu a auditora-fiscal do trabalho Marinalva Dantas, de Natal (RN), a desembargadora do Trabalho Maria Zuila Dutra, da 8ª Região- Belém (PA), e o analista de políticas sociais do Ministério da Cidadania, Francisco Xavier.

Maria Zuila Dutra fala que há muitas meninas que meninos que estão lutando para sobreviver em uma fase da vida em que deveriam apenas viver. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PnadC), de 2016, que apontam que havia 2,4 milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, no Brasil.

“Esses números mostram que o Brasil ainda vive o período colonial em vários aspectos. Fala sobre a desigualdade na distribuição de renda e de como isso leva a criança a ajudar na renda de casa, por necessidade de sobrevivência”, comenta a desembargadora.

A desembargadora Maria Zuila foi vítima do trabalho infantil. Ela conta que precisou trabalhar desde criança, até seus 16 anos que foi quando conquistou bons resultados em um concurso público. Com base em sua experiência pessoal, ela relata que a criança explorada sente tristeza, medo, solidão, abandono, vergonha, culpa e tantos outros sentimentos que lhe faz sentir inferir aos demais seres humanos.

“Fiquei com marcas profundas que o tempo não consegue apagar. Esta é a principal razão da minha luta. Não quero que nenhuma criança tenha a sua infância amputada, como eu tive”, desabafa.

Entre diversas ações para combater a exploração do trabalho infantil, ela comenta que a união faz a força. É preciso reconhecer e valorizar parcerias entre entidades como associações, igrejas, governo do estado, prefeituras, ministério público, entre outros, na luta.

Neste cenário de pandemia ocasionada pela covid-19, ela comenta que um novo tempo exige uma postura firme para mudar esse contexto da exploração infantil.

“Eu estou convencida que a exploração de todas as crianças e adolescentes só terminará com a construção de uma nova sociedade, baseada em outros valores humanos. Apesar das intensas dificuldades, nesse tempo de pandemia, está deixando claro que a solidariedade e o amor são sentimentos que devem nortear a vida de casa um de nós”.

Campanha virtual
A mediação da live desta segunda-feira (08) foi realizada pelo auditor-fiscal do trabalho, Valdiney Arruda, secretário executivo do Fepeti-MT, e pela assistente social Simone Garcia, técnica estadual do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).

Diante da pandemia, a campanha de 2020 será totalmente virtual e visa orientar e sensibilizar sobre os riscos do trabalho infantil para crianças e adolescentes tendo como pano de fundo a pandemia da Covid-19. Muitas famílias, diante do isolamento social, perderam seus empregos e isso pode ser um fator agravante para a situação de vulnerabilidade dos mesmos.

Destinada a vários agentes de políticas públicas e privadas, a campanha virtual vai divulgar boas práticas nacionais e regionais de enfrentamento, e proteção dos direitos da infância e adolescência.

Todo material será divulgado pelas redes sociais do Fepeti-MT (facebook.com/fepetimtoficial/ e https://www.instagram.com/fepetimt/) e dos órgãos que integram o Fórum com a #naoaotrabalhoinfantil. A SETASC enviará material para os municípios que compõem o PETI-MT, bem como aos demais municípios do Estado.

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