Fotos: Sandra Carvalho |
103 anos, solteira, nenhum filho, seis filhos adotivos, olhar de menina e energia suficiente para tocar chocalho numa roda de samba, dar uma dançadinha, cantarolar e ralhar com a molecada. Esta é a lembrança deixada por Mãe Didi, que se foi há três meses. Dormiu e acordou de súbito pedindo uma faca para limpar os peixes, provavelmente pensando nos bons tempos em que morava no Valo Verde, à beira do rio Cuiabá. Deitou novamente e dormiu. Para sempre.
Lúcida, Mãe Didi (ela preferiu sempre ser chamada assim, que assim seja) era cuidada carinhosamente pela sobrinha Jani e por todos os parentes da numerosa família. Passou praticamente sua vida na comunidade de Valo Verde, Santo Antônio do Leverger (MT). Não tinha pais e nem irmãos vivos, mas uma legião de sobrinhos de todos os graus e agregados para lhe dar atenção. Sempre foi muito rígida na educação das crianças. Tinha pouco mais de 1,40 m de altura e um paladar apurado. Mangas não podiam faltar no seu cardápio. E quando reencontrava algum parente com feição saudável, não hesitava: “tá bonito… tá comendo bastante bolo…”
Gostava de estar rodeada dos parentes e de ouvir música. E, baixinho,
cantarolava, acompanhando as melodias, batendo palmas suavemente. Deu show numa roda de pagode, esnobando mais disposição do que muitos jovens. Dia desses, quando trocavam o CD no aparelho de som, Mãe Didi não gostou do silêncio e puxou: “parabéns pra você, nesta data querida…”. E neste dia ela parece que estava se despedindo de todos. Ficou o dia inteiro cantando, conversando, sorrindo. Uma semana depois, se foi, deixando uma grande lição de vida às mulheres, neste dia homenageadas.
Veja a alegria de Mãe Didi aos 103 anos:
http://feeds.feedburner.com/blogdasandracarvalho
Sandrinha sinceramente não teve como não me emocionar com tudo que acabei de ler,acredito que não haveria melhor lição e exemplo de vida!!!Parabens e super beijo