Gabriel Novis neves
Nos jogos de futebol transmitidos pela TV Globo, em qualquer local do mundo, sempre aparece uma faixa escrita em português: “Galvão, eu já sabia.”
Quando começaram a discussão sobre entregar as gerências dos hospitais públicos do Estado para as famosas Organizações Sociais de Saúde (OSs), com o mesmo valor que hoje é repassado, que é o de uma miserável tabela do SUS, pensei na faixa do Galvão.
Quando não foi discutido sequer os atrasos criminosos nos repasses das migalhas aos hospitais por serviços já prestados, glosas e o costumeiro calote, também pensei na faixa do Galvão.
Em nenhum momento foi dito que um dos principais problemas que fizeram com que a nossa saúde pública fosse uma vergonha e uma desonra para a nossa população, é que há muito tempo ela está sub-financiada, com o silêncio covarde dos nossos representantes políticos.
Governadores, prefeitos, senadores, deputados fazem caminhadas de protesto em Brasília, quando o assunto incomodam os financiadores de suas campanhas.
Profissionais de saúde e doentes não têm caixa para bancarem a eleição de um representante político, logo, a saúde nunca foi questionada por essas autoridades.
Qualquer probleminha que altera temporariamente o lucro do pessoal do agronegócio, principalmente, é uma romaria à capital Federal.
O caminho encontrado nesses últimos dez anos de chumbo para a nossa saúde pública, foi uma campanha do governo desqualificando os médicos e todos os trabalhadores da saúde, com salários mesquinhos, sem aumento, treinamento técnico e tratamento policial.
O tal governo da continuidade, foi um mal que se cometeu contra o nosso povo. O sucessor não pode, por enquanto, dizer à população da herança recebida.
Leio nos jornais que foi assinado com o Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde  (IPAS), um repasse de 31 milhões/ano para gerir o Hospital Metropolitano de Várzea Grande, que há meses foi inaugurado e prometido, recentemente, que estaria apto a funcionar no dia cinco de maio deste ano.
Na assinatura do contrato diferenciado o secretário anunciou uma pequena correção na data em que aquele hospital receberia o seu primeiro paciente – daqui a noventa dias.
Um ano e três meses se passaram do novo governo, e a única novidade no ponto mais frágil do governo, é esse contrato de risco.
A firma de Pernambuco, assim que tiver condições de receber doentes, terá um tabela diferenciada de pagamento de 2.8 vezes a tabela que o SUS paga hoje à Santa Casa, Hospital Geral Universitário, Santa Helena, Sotrauma e outros.
Pelo contrato serão feitas 77 cirurgias ortopédicas de “média complexidade”,  144 cirurgias gerais e 250 de hospital dia, sem necessidade de internação.
Traduzindo: não será realizado nesse hospital, de apenas 61 leitos, nenhuma cirurgia de “alta complexidade”.
“As cirurgias gerais serão de baixa complexidade” e 250 serão pequenas cirurgias, tipo extração de unha, em que o paciente é logo liberado.
Não precisa ser médico para saber que em breve teremos o parto da montanha em Várzea Grande.
Os grandes hospitais de Cuiabá, com o dobro do número de leitos, com UTIs em várias áreas médicas, informatizados, realizam cirurgias de alta complexidade em muitas especialidades, e atendem pacientes de todo o Estado.
Praticam inúmeras outras cirurgias de média e baixa complexidade.
Todo esse atendimento tem o suporte de laboratórios com equipamentos de última geração, e Pronto Atendimento com mais de 6 mil atendimentos mês.
Faturam, praticamente, o que foi proposto ao Metropolitano de Várzea Grande. 
O Estado é caloteiro e os planos de saúde, com as suas tabelinhas, são os causadores dessa situação desumana.
Umas perguntinhas pairam no ar: Onde estava escondido esse dinheiro que agora apareceu?
Quem, e como esconderam por tanto tempo? Qual o objetivo em sucatear um serviço que a própria constituição brasileira garante a todos os cidadãos?
A sociedade aguarda uma resposta.
Pedro, eu já sabia!
Gabriel Novis Neves, ex-jardineiro, médico, fundador e ex-reitor da UFMT
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Maria Madalena

Parabéns Dr. Gabriel, tudo que escreveu é a verdade nua e crua. Incomoda os ladrões e seus seguidores. Maria Madalena.

Anônimo

Não tenho culpa de ter nascido, vivido na época da ditadura. Salve, salve Dr. Gabriel, que apesar de tudo conseguiu e ainda leva a vida com honestidade e respeito ao próximo. Tentar carimbar não colou. Dr. Gabriel exerceu outros cargos, antes, durante e depois da ditadura, sempre com: zelo, ética, humildade e generosidade.

Anônimo

Beatriz jornalista ? do "jabá- pagou escreveu". Ser aliada dos sanguessugas é contribuir para MT SEM perspectiva.Dr. Gabriel MT deve muito ao Sr, continue sempre assim,sem corporativismo. Os pobres, a burguesia, o povo agradece. O importante é não defender e ser corrupto (LADRÃO).

Carlos Costa Marques

Mas não tem melhor exemplo de ditadura que o próprio Pedro Henry. Em Cáceres ele é o próprio ditador! Até as criancinhas "rapa-canoas" conhecem o pisado do coturno desse senhor que tem a cara de pau de aparecer como o anjo que caiu do céu depois de aparecer em tantos episódios de corrupção. Tá com dó? leva pra casa….

Antônio Carlos Sotero

Há uma grande diferença entre o caro amigo Gabriel e Pedro Henry. O primeiro nunca foi envolvido em escândalos. O segundo liderou a máfia das Sanguessugas e foi um dos atores do Mensalão.

Bin Laden não morreu…. tem uma versão pantaneira em Cuiabá pelo visto.

Pois é Dr.Gabriel
depois de mamar nas tetas da ditadura militar, agraciado por altíssimo cargo e salário,agora o senhor nos brinda de revolucionário?
muito antagonismo e discurso..falho, o senhor não acha, Doutor?
assim, com poupudo legado dos militares,fica facinho ser do contra..o senhor abre mão de sua aposentadoria em pról dos mais carentes? Ah não, seu café da manhã é com a burguesia,da qual o senhor faz parte…bom dia Doutor Ditadura!