O número de focos de queimadas registrado neste período de seca em Mato Grosso têm deixado as cidades encobertas por grande quantidade de fumaça. O pneumologista Clóvis Botelho, da Clínica Vida Diagnóstico em Saúde, alerta que as queimadas das vegetações emitem gases altamente tóxicos para as vias respiratórias, assim como as de lixo urbano que emitem substâncias cancerígenas.
Botelho explica que a combustão, além de emitir esses gases e substâncias, gera o material particulado. As maiores são as que sujam o ambiente. As menores são as piores. As pequenas partículas, as chamadas fuligem, podem chegar até o pulmão e causar várias alterações inflamatórias.
“A fuligem fica no ar por vários dias após o incêndio. Como um agente agressor ao corpo humano, pode se transformar em fibrose pulmonar, que ao longo do tempo tem um afeito acumulativo e causar uma insuficiência respiratória crônica no paciente, fazendo com que ele precise até mesmo de um transplante pulmonar”, esclarece o pneumologista.
Sobre os gases, Botelho esclarece que seus efeitos são mais agudos. Quando inalados em grande quantidade, a toxina pode causar uma espécie de queimadura na via aérea. Tudo depende do tempo de exposição e quantidade de gás inalado. Os danos podem ser graves, agudos e causar a morte.
“É importante falar também sobre as queimadas dos lixos urbanos. As pessoas juntam lixo no quintal, que além de folhas de árvores têm outros tipos de lixo, a exemplo do plástico, e queimam. Esses materiais se transformam em fumaça e emitem substâncias cancerígenas. O efeito é muito pior”, alerta.
Para melhorar o cenário, o médico aponta que o ideal é que não sejam mais realizadas queimadas. Além disso, ele orienta que a população mantenha distância dos focos de incêndio, para não inalar as substâncias.
Botelho também orienta que as pessoas usem máscaras para diminuir a quantidade de partículas inaladas, além de uma boa hidratação e alimentação saudável para o organismo ter condições de se defender.
“Pessoas que possuem doenças respiratórias devem tomar seus medicamentos corretamente e buscar seu médico para controle, pois nessa época do ano os riscos são maiores, ainda mais com o coronavírus circulando por ai”, finaliza o médico.