É possível encontrar em Mato Grosso algumas “cidades fantasmas”, municípios que já tiveram uma atividade econômica dominante e que hoje enfrentam o desemprego, a falta de oportunidades e até mesmo a miséria. São casos de cidades que viviam do garimpo e da exploração da madeira, setores castigados pela legislação ambiental. Se de um lado a legislação passou a agir com rigor na preservação do meio ambiente, não ofereceu, de outro lado, alternativas para empresários e principalmente trabalhadores desses dois setores.

Peixoto de Azevedo, extremo norte de Mato Grosso, é um exemplo histórico desse quadro. 

A rua do Comércio, que antes era um caldeirão comercial hoje lembra cenário do velho Oeste americano. É bem verdade que já existe a “parte nova” da cidade, com um comércio tímido, mas sem uma nova atividade econômica definida. A agricultura familiar praticamente não sobrevive por falta de estradas e mercado comercial. Como se não bastasse a falta de emprego, o serviço de saúde é precário, faltam faculdades e até mesmo cursos profissionalizantes.

Poxoréu, no sul-leste mato-grossense, é outro exemplo de abandono. A famosa Rua Bahia, onde os garimpeiros costumavam gastar o dinheiro da semana em noitadas, parece que sofreu um atentado a bomba. Apenas alguns moradores resistem ao abandono entre um escombro e outro. Ruas desertas e comércio sem clientela.
Todos dias, às 5 horas, seis ônibus saem lotados da cidade levando homens para trabalhar na lavoura de cidades como Primavera do Leste, onde a realidade é outra. O pior: recebem salários geralmente miseráveis.


Em Guiratinga, além do fim da exploração mineral, houve o fechamento do Hospital Santa Maria Bertila, que recebia pacientes de todo Mato Grosso e inclusive de outros estados. O aeroporto tinha um movimento extraordinário e havia oito hotéis na cidade. Eram pelo menos sete linhas de ônibus itermunicipal por dia. Hoje a cidade tem apenas dois três hotéis, o aeroporto está desativado e há apenas três linhas de ônibus por semana.


Lá também existem ruas inteiras desabitadas em que os moradores abandonaram a casa e foram embora em busca de oportunidades: estudo para os filhos, emprego, saúde.

No final da tarde, dois ônibus saem da cidade lotados de estudantes que, persistentes, enfrentam a estrada diariamente para cursar faculdade em Rondonópolis. Como se não bastasse, sem o hospital, a população se vê obrigada a implorar por atendimento médico em outros municípios. (texto e fotos: Sandra Carvalho)

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Anônimo
Anônimo
11 anos atrás

gostaria de saber si ainda existe na rua do comercio em peixoto de azevedo o predio que antigamente era a compra de ouro do genivaldo mais conhecido por bari fica em frente a loja de calçado que e do gino ai na rua do comercio

Anônimo
Anônimo
12 anos atrás

É bem verdade que a Rua do Comercio em Peixoto de Azevedo no norte do Estado de Mato Grosso há tempos vive este estado fantasmagórico; É realmente lastimável como se encontra a rua que guarda a memória dos tempos de tanta riqueza e comercio pujante, rua que iniciou o processo de urbanização de Peixoto de Azevedo – MT. Que tão grandiosa foi que era conhecida como a Paris Mato-grossense, pois ali encontrava-se de tudo.Mas acho eu "morador desta cidade" que esta reportagem demonstra para quem não conhece o Município que em um todo é esta cidade fantasma com intitula a… Read more »