Quem educa, quer seja como professor, família, a comunidade e toda a sociedade, tem o papel de afetar-se com as pessoas. Partindo deste conceito, a professora doutora da PUC, Emília Cipriano, levou à reflexão um público formado por mais de 300 pessoas, entre pais avós e responsáveis por alunos do Colégio Notre Dame de Lourdes e do Berçário Les Enfants de Emilie D’Villeneuve, durante palestra no sábado (17) em Cuiabá (MT).
Emília Cipriano trabalha muito a relação de como é que os saberes estão articulados com os afetos da vida. “E que o papel de quem educa tem um papel de afetar-se com as pessoas em relação a sua dignidade, sua construção histórica, ao respeito às diferenças e isso tudo é um princípio”.
De acordo com a especialista, isto começa no feto dentro da mãe. “E toda construção da emoção, da relação, da chegada a este espaço, da interação das pessoas, é uma aprendizagem humana, e dentro do desenvolvimento humano a família é determinante”.
Segundo a especialista, a família não pode abrir mão deste papel e a escola vem agregar tudo isto para um processo que tem uma especificidade. “Mas coloco muito o papel nosso enquanto ser humano de formação de uma geração. A responsabilidade histórica de sermos seres que formam seres”.
E na hora de compartilhar a educação dos filhos com a escola é preciso haver um diálogo muito profundo e sensível de perceber que todos estão juntos nessa caminhada. “E que quanto mais a gente sintonizar, mais sentido vai fazer tudo o que estamos fazendo. É claro que teremos diferenças a serem tratadas, saberes próprios de cada um, já que a criança vem com uma história, mas a escola também tem princípios, valores, e isso tem que ser conectado o tempo todo, até pela articulação de vida, de movimento em sincronia com a vida”.
Emília Cipriano pondera que a escola é uma prestadora de serviço, mas pode fazer o exercício de chamada para a reflexão, para o exercício de construção, citando como exemplo a iniciativa do Colégio Notre Dame de Lourdes de proporcionar a palestra para pais e responsáveis por seus alunos.
“A proposta pedagógica de uma escola ela manca, ela perde um de seus pilares se não promover essa interação com a família”, alerta a especialista, observando que a cada atitude, a cada questão que a escola discute, a cada conceito que a escola aprofunda, há uma relação disso com o contexto em que a criança vive.
E quando a escola chama para esse diálogo, ressalta Emília Cipriaano, ela enfrenta todos os conflitos e contradições porque lida com uma diversidade de famílias, com relações que não são universais, mas que são concretas e históricas.
“É tem que haver esse respeito. Mas, por parte da família tem também que haver um código ético no sentido de que quando tiverem diferenças isso tem que ser tratado no mundo dos adultos e não das crianças.”
A especialista lembra que a construção de seres humanos, de saberes, não é só da ordem de informação, mas de conhecimento, porque, segundo ela, a informação se obtém em qualquer lugar e hoje cada vez mais de forma aceleradíssima. “E que saberes são esses? O toque, o olhar, a percepção, a existência do outro, o respeito à vida, tudo dentro de quatro pilares que são a empatia, o protagonismo social, o trabalho corporativo e a criatividade”, conclui Emília Cipriano.
A Irmã Marluce Almeida observa que a escola tem um calendário anual de palestras e cursos tanto para professores, demais funcionários, para os pais e responsáveis, e também para os alunos. “Estamos em permanente processo de transformação, de busca e troca de conhecimentos”.
Mariana Cillo, mãe da Fernanda, de 10 meses, e Geórgia Barbosa, mãe do Pedro, de 11 meses, ambos do Berçário Les Enfants, fizeram questão de participar da palestra e inclusive levaram os seus pequenos. “Nós precisamos nos manter atualizadas e não apenas buscando informações na internet, mas participando de palestras com especialistas que possam nos orientar, como esta que está acontecendo hoje”, disse Mariana Cillo.
Luciana de Oliveira, mãe da AnaLuiza e do Vinícius, reservaram o sábado para assistir à palestra de Emília Cipriano. A avó Maria Helena também se inscreveu. “Enquanto pais, devemos buscar ferramentas e informações para acompanhar o ritmo dos filhos, que na época atual é bem diferente do passado. Quando a escola promove uma palestra como esta, nos ajuda muito na educação dos filhos e ficamos muito agradecidos por isto”.
Esta é a segunda vez que dona Maria Helena participa de palestras realizadas pelo Notre Dame de Lourdes. “Da outra vez eu vi que estou fazendo tudo certinho”, brincou ela, deixando externar a sua preocupação com a participação e envolvimento na criação dos netos.
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